PROFESSOR MALUCO


Tenho pena do meu companheiro Nicanor,
homem bom, vinte anos como professor,
que agora  esta vendo até gato empenado.
Como só lecionou prá filhinho de tubarão
seus olhos ficaram da cor do açafrão
esses marmotas, deixaram o homem pirado.
Como um herói, nenhuma sociedade o elege,
esse profissional que a justiça não protege,
nada pode falar, já trabalha como condenado.

Que bom de deixassem esses alunos comigo,
na primeira aula veriam, como dói um castigo,
meu braço ia doer de tanto dar paulada.
Queria ver riquinho gemendo no beliscão,
ir embora com o zóio mais preto que um carvão,
os mal educados iam gemer na bordoada.
Ia ensina los como se descasca um salame,
por cauda de bagunceiros não ia ter derrame,
ia divertir, vendo respondão com a cara inchada.

Granfininho que falasse um palavrão atoa,
já teria sua boca desinfetada com quiboa,
ia torcer pra sua maezinho aparecer no meu salão.
E se chegasse toda brava, aos gritos e rancorosa,
ia sair da sala quietinha e mais macia que uma rosa,
quando visse a ponta e como é afiado meu facão.
Seria bom também, cumpriria meu compromisso,
só com filhinho de papai, seria caçador de enguiço,
só queria bater em filho que não tem educação.

GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 13/08/2009
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