A SINA DO CHICO BENTO
Autor: Zé da Legnas
Meu compadre Chico Bento
Um cabra desconfiado
Casou c’a cabocla nova
A mais linda do Serrado
E sempre como olho aberto
Lhe vigiava de perto
Para não ser carneado
Seu nome era Marieta
Alegre e muito bonita
Era uma morena formosa
Como era linda a cabrita!
Foram morar numa casa
Ali perto da Ceasa
Vizinho ao Toim da Rita
Com dois anos de casado
Chico Bento era cabreiro
O seu salário era pouco
Lutando de carreteiro
Marieta lhe evitava
Quase todo dia estava
Com os bolsos cheios de dinheiro
Resolveu fazer um teste
Para apagar sua chama
E saber se Marieta
Tinha lhe posto na lama
De leite encheu uma vasilha
Preparando uma armadilha
Colocando sobre a cama
Segundo o Toim da Rita
Ponha no leite uma colher
Se alguém deitar na cama
Junto com sua mulher
Ficava tudo provado
Na colher era marcado
Na hora do funaré
Assim Chico Bento fez
Para testar sua galega
Saber se era traído
Por sua paixão sua nega
Foi olhar o resultado
Foi tão grande o resultado
Que o leite virou manteiga
Chico Bento foi embora
Saiu sem olhar pra traz
Jurando que em sua vida
Não se apaixonaria mais
Mudou-se para o sertão
Para esquecer a traição
E ter um pouco de paz
Mas o tempo foi passando
Homem só, só leva peia.
Não quis mais mulher bonita
Pra não trabalhar de meia
Arranjou uma negrinha
Preta, torta e bem baixinha,
Que assustava de tão feia
Tinha um mancado na perna
A feiosa era banguela
Tão magra que dava dó
Mais parecia uma sovela
Além do mais era imundo
A negrinha tinha a bunda
Emendada na costela
Fui morar com aquela coisa
Mesmo assim não tive sorte
Um dia chegou mais cedo
Para assistir o esporte
Foi entrando de surpresa
O que viu teve certeza
Que seu remédio era a morte
Encontrou ela com outro
Da vida perdeu a fé
Foi falando, meu amigo,
O que viu nesta mulher?
O rapaz lhe respondeu
O que mais agradou eu
Foi o mancado do pé
E tu feiosa cretina
Seu diabo fora de prumo
Por que tu fizeste isso
Da vida perdeu o rumo?
Feiosa falou “se toca”
Isso que fiz foi em troca
De uma brejeira de fumo.