NOITE DESERTA.
Estou com sono, não consigo dormir,
Penso no dia que passou,
Será que foi um bom dia,
Certo, pelo menos alguém sorria,
Talvez alguém não me notou,
Fui à praça,
Aço que não tem graça,
Vi os pássaros, as flores,
Recordei também os meus amores,
Tudo no mesmo dia de horrores,
Estou com sono, mal fecho os olhos,
Vejo pessoas sorridentes,
De um bar, contentes,
Até que ponto durmo,
Não tenho sono o suficiente,
Penso na mansão, o mordomo,
De terno preto, sapatos brilhando,
Até agora, estou pensando,
O dia não chega, vou à lona,
Que desespero, que fúria,
Lembro-me da última carona,
Que noite, fiz amor com a patroa,
Não, foi um sonho, bobo
Será que o sono chegou
De tudo um pouco apagou,
Vou ao banheiro e faço xixi,
Penso se alguém passou por aqui,
No sono, não consigo pegar,
Até quando tudo isso irá acabar.
Chega o sono, me pergunto,
Que besteira, o travesseiro junto,
Aqui, ali, no chão,
Lembro-me que não comprei o pão.
Ah! Sono, chega, por favor,
Não me faça de horror,
Venha, tenha paciência,
Assim vou vivendo, pagando a previdência.
Agora vou dormir,
Mimi, como criança,
Vou lembrar da minha andança
Para o dia recomeçar.