Embriagado de Amor
Quando sair pelas ruas,
levado por passos trôpegos,
alimentado por muitos copos,
com emoções tingidas de álcool...
Clamará a uma plateia inexistente
um discurso entre o amor e ódio.
Mesclará as idéias com os sentimentos,
criando confusa peça de oratória.
E estará mais bêbado do fel da amargura,
do que dos muitos líquidos ingeridos.
Zombará de si por encher o estômago,
quando o vazio habitava o coração.
Fará poesias e reflexões filosóficas
numa proeza que só a bebedeira realiza.
E jogará com os sonhos
como se fossem estampas de baralho.
E, sarcástico, despejará ilusões no lixo das ruas.
Pedirá silêncio que de tão intenso
somente conseguirá ouvir a si mesmo,
o eco de suas próprias palavras.
Tomará as damas da noite como ladies,
oferecerá todas as mais fúteis promessas.
Fará convites para conhecerem seu castelo,
mostrará o seu cavalo de quatro rodas.
E dirá que é o príncipe encantado,
e se dirá à altura de tantas rainhas da noite.
Dirá que, expulso do reino dos sonhos,
construirá sobre os seus próprios pesadelos.
Não dará satisfações a ninguém.
E com um andar nobre flutuará sobre o asfalto.
Pedirá que os postes da avenida se curvem,
e tentará apagar as luzes para que não ofusquem seu brilho.
Terá um vagar por inércia,
quebrado por um soluço símio.
E tentará andar,
mas terá enorme dificuldade.
Sentirá que não é ele quem dá os passos,
mas talvez seja o mundo que gire.
Daí a sua enorme tontura,
o contínuo balançar dos faróis dos carros...
Seus olhos exaustos, seu corpo exaurido,
tudo estando por um triz, risco total.
E saberá por que Dom Quixote lutava com moinhos...
E no seu novo harém descobrirá sua Dulcinéia.
Criará um ritual para seu novo reinado.
E patético, elevará a ministros de sua corte
os cães sem dono que vadiam pela noite.
Os caninos uivarão em sua homenagem.
Um canto triste, mas enfim algo musical.
E então o Pierrô, em sua realeza,
tirará para dançar, dentre as tantas damas,
a mais fogosa de todas: a sua doce Néia.
E se fará seu amante, e lhe proporá luxúrias,
dizendo-se a vingar de alguém que fora ingrata,
que lhe roubara o coração,
para depois devolvê-lo usado e gasto.
E as portas dos bares serão pálpebras caídas.
E o efeito da toda aquela bebida haverá de passar,
mas ele haverá de continuar bêbado,
pois seria tolice demais viver a sobriedade.
Quando sair pelas ruas,
levado por passos trôpegos,
alimentado por muitos copos,
com emoções tingidas de álcool...
Clamará a uma plateia inexistente
um discurso entre o amor e ódio.
Mesclará as idéias com os sentimentos,
criando confusa peça de oratória.
E estará mais bêbado do fel da amargura,
do que dos muitos líquidos ingeridos.
Zombará de si por encher o estômago,
quando o vazio habitava o coração.
Fará poesias e reflexões filosóficas
numa proeza que só a bebedeira realiza.
E jogará com os sonhos
como se fossem estampas de baralho.
E, sarcástico, despejará ilusões no lixo das ruas.
Pedirá silêncio que de tão intenso
somente conseguirá ouvir a si mesmo,
o eco de suas próprias palavras.
Tomará as damas da noite como ladies,
oferecerá todas as mais fúteis promessas.
Fará convites para conhecerem seu castelo,
mostrará o seu cavalo de quatro rodas.
E dirá que é o príncipe encantado,
e se dirá à altura de tantas rainhas da noite.
Dirá que, expulso do reino dos sonhos,
construirá sobre os seus próprios pesadelos.
Não dará satisfações a ninguém.
E com um andar nobre flutuará sobre o asfalto.
Pedirá que os postes da avenida se curvem,
e tentará apagar as luzes para que não ofusquem seu brilho.
Terá um vagar por inércia,
quebrado por um soluço símio.
E tentará andar,
mas terá enorme dificuldade.
Sentirá que não é ele quem dá os passos,
mas talvez seja o mundo que gire.
Daí a sua enorme tontura,
o contínuo balançar dos faróis dos carros...
Seus olhos exaustos, seu corpo exaurido,
tudo estando por um triz, risco total.
E saberá por que Dom Quixote lutava com moinhos...
E no seu novo harém descobrirá sua Dulcinéia.
Criará um ritual para seu novo reinado.
E patético, elevará a ministros de sua corte
os cães sem dono que vadiam pela noite.
Os caninos uivarão em sua homenagem.
Um canto triste, mas enfim algo musical.
E então o Pierrô, em sua realeza,
tirará para dançar, dentre as tantas damas,
a mais fogosa de todas: a sua doce Néia.
E se fará seu amante, e lhe proporá luxúrias,
dizendo-se a vingar de alguém que fora ingrata,
que lhe roubara o coração,
para depois devolvê-lo usado e gasto.
E as portas dos bares serão pálpebras caídas.
E o efeito da toda aquela bebida haverá de passar,
mas ele haverá de continuar bêbado,
pois seria tolice demais viver a sobriedade.