Dos Rugidos e imprecações

Pobre dama forçada a retirar

Do seu leito macio e acolhedor!

Insomne e cansada de suportar

Do seu homem tão violento ressonar,

Que das vidraças escuta o tremor!...

De nada vale cotovelar, abanar...

Pois o roncador vira e toma espaço,

E em segundos volta a rosnar,

Pelas ventas a fungar,

Com enorme estardalhaço!

“Ai de mim, que triste vida”,

Lamenta-se a sofrida dama!

“Que pecados fiz eu na vida,

Pra desta forma ser compelida

A abandonar minha cama?”...

E na contígua câmara, ainda assim,

Cerradas as portas, o ronco vil

Penetra em redobrado chinfrim,

Mas rendida, o sono a vence, enfim,

Mau grado os rugidos vindos do covil...

Luis C Nelson
Enviado por Luis C Nelson em 22/04/2009
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