Dos Rugidos e imprecações
Pobre dama forçada a retirar
Do seu leito macio e acolhedor!
Insomne e cansada de suportar
Do seu homem tão violento ressonar,
Que das vidraças escuta o tremor!...
De nada vale cotovelar, abanar...
Pois o roncador vira e toma espaço,
E em segundos volta a rosnar,
Pelas ventas a fungar,
Com enorme estardalhaço!
“Ai de mim, que triste vida”,
Lamenta-se a sofrida dama!
“Que pecados fiz eu na vida,
Pra desta forma ser compelida
A abandonar minha cama?”...
E na contígua câmara, ainda assim,
Cerradas as portas, o ronco vil
Penetra em redobrado chinfrim,
Mas rendida, o sono a vence, enfim,
Mau grado os rugidos vindos do covil...