* O desafio do Pedro e do Zé *
Zé Firmino acredite,
Não gosto de me gabar.
Mas quando eu pego a viola,
Quando começo a cantar,
Saem das covas os defuntos,
Os peixes saem do mar,
Os anjos descem do céu
E tudo vem me escutar.
-Eu não tenho medo disso,
Sou valente, valentão,
Cangussu é meu cavalo,
Cascavel meu cinturão,
Eu engulo brasa viva,
Pego curisco na mão,
Um empurrão do meu dedo,
Bota dez morros no chão.
-Isso tudo não é nada,
Não pode me amedrontar,
Paro o vento quando eu quero,
Já fiz o sol esfriar,
Bebo chumbo derretido,
Sem o chumbo me queimar,
Seguro as onças no mato,
Para o meu filho mamar.
-Você pode ser valente,
Habilidoso não é.
Eu calço chinelo em cobra,
Ponho guizo em jacaré,
Asso manteiga no espeto,
Faço o tempo andar a ré,
Carrego água em peneira,
Dou beijos em buscapé.
-Se eu for contar minhas artes,
Não acabo numca mais.
Para apagar os incêndios,
Uso breu e aguarrás,
Ponho luneta em pulga,
Dou tiro no satanás,
Eu faço gelo com brasa,
Coisa que você não faz,
Faço o carro andar na frente,
Faço boi andar atrás.
Autor: Viriato Corrêa