* O desafio do Pedro e do Zé *

Zé Firmino acredite,

Não gosto de me gabar.

Mas quando eu pego a viola,

Quando começo a cantar,

Saem das covas os defuntos,

Os peixes saem do mar,

Os anjos descem do céu

E tudo vem me escutar.

-Eu não tenho medo disso,

Sou valente, valentão,

Cangussu é meu cavalo,

Cascavel meu cinturão,

Eu engulo brasa viva,

Pego curisco na mão,

Um empurrão do meu dedo,

Bota dez morros no chão.

-Isso tudo não é nada,

Não pode me amedrontar,

Paro o vento quando eu quero,

Já fiz o sol esfriar,

Bebo chumbo derretido,

Sem o chumbo me queimar,

Seguro as onças no mato,

Para o meu filho mamar.

-Você pode ser valente,

Habilidoso não é.

Eu calço chinelo em cobra,

Ponho guizo em jacaré,

Asso manteiga no espeto,

Faço o tempo andar a ré,

Carrego água em peneira,

Dou beijos em buscapé.

-Se eu for contar minhas artes,

Não acabo numca mais.

Para apagar os incêndios,

Uso breu e aguarrás,

Ponho luneta em pulga,

Dou tiro no satanás,

Eu faço gelo com brasa,

Coisa que você não faz,

Faço o carro andar na frente,

Faço boi andar atrás.

Autor: Viriato Corrêa

Valério Márcio
Enviado por Valério Márcio em 20/03/2009
Reeditado em 03/04/2010
Código do texto: T1496900
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