Don Rei

Don Rei

As brumas se desfazem,

Como inverno dos meus versos.

Há que brilhar sempre o sol,

Apenas para derreter os silêncios

depois, estrelas....

Conversas paralelas,

como trilhos de bonde ou trem.

Com versos sem molduras

Onde paisagens passam,

sem tempo de fotografar.

Ruínas de ruas tortas do império.

Alegre teatro do absoluto,

Rasgando a cortina sem palco sem luz.

Onde me distrai apenas os aplausos

Para o nada que representei.

Conversas de corredor

De maratonas esquecidas no tempo.

Faço brincadeiras durante o espetáculo,

Com letras, palavras e lembranças,

De lugares que nunca vi.

Apenas fotografei.

Percebo olhares inquietantes

Dos camarotes vermelho –ridículo

Onde descansam altezas, damas e seus puns.

Recato e delicado são os gestos

Traídos pelos odores e cínicos sorrisos.

Logo a Rainha, a Rainha ...

Piranha de águas barrentas

De onde cabeças-de-bagre

Ressurgem costurados nas bainhas

Das vestes púrpuras de sacos puxados

E perucas brancas!

Final da ópera “Os canibais de princesas”

Onde em prata luz se vê no palco o Rei nu,

Aplaudido pela performance do perfeito eunuco.

Termina como Rei castrado e mudo,

Numa grande noite de gala.

aaaaaaaleluia ! aleluia! aleluia !

Jaak Bosmans 3-3-09