POEMINHA CRÍTICO
POEMINHA CRÍTICO
Certo dia ele rimou Brasil com varonil
E logo pensou:
- Sou poeta!
No outro, fez uma trova
e conseguiu rimar amor com dor.
Teve certeza:
- Sou poeta!
A certeza aumentou
quando descobriu os verbos.
Ficou tão fácil rimar
amar com aproximar, ter com querer,
ir com partir,
em qualquer tempo, presente, pretérito ou futuro,
até mesmo no condicional.
Passou a se sentir o tal.
A glória chegou,
de forma pessoal, quando,
pesquisando os advérbios, aqueles terminados em
mente,
de repente constatou que não era só poeta,
era um gênio literato,
digno do Nobel,
condoriano simplesmente.
Com os aumentativos e diminutivos,
avolumou a produção,
trovinhas em profusão,
sonetinhos em armação,
publicados em boletins,
às vezes no jornal.
Assim, todo pomposo,
entrou para a academia,
vestiu fardão,
desfilou com a fantasia,
recebeu medalha de outra agregação.
Tão orgulhoso ficou,
que bem alto ele gritou:
- sou imortal!
E passou a viver como poeta,
vestir-se como poeta,
comer e beber como poeta,
sempre engalanado.
Mas,
pobre coitado,
estava totalmente enganado,
... morreu de cirrose.