Poema em preto e branco

Sozinho.

Sentado.

Trancado.

Concentrado

num papel em branco

tão vazio quanto eu,

eu,

quatro cantos,

uma escrivaninha

e a caneta boba me olhando,

aguardando o pensamento.

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E a caneta boba me olhando,

aguardando o pensamento.

.......................................

.......................................

Pensei.

Pensei.

Pensei.

Cansei.

Saí.

Pus a cabeça na janela:

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........e de repente me entrou

um passarinho inesperado

que voou redondo os quatro cantos,

aterrizou na minha escrivaninha,

derrubou a minha caneta boquiaberta,

sujou o meu papel vazio

e revoou de volta gorjeando.

deixou-me esse poema em preto

e preencheu a minha alma em branco.