transparente é saia de odalisca
o homem nunca entende,
não sabe nada de moda.
a cor prá que mais tende
é a cor que já não roda.
era vermelho o vestido
ao preço de bagatela
no impulso mais atrevido
comprou o vestido sem ela.
se lembram daquele espelho
(hoje um espelho quebrado)
o vestido era vermelho
era o manequim o errado.
nem imaginava que ela
(nem vinte anos depois)
é oito, ocre-amarela
(e antes quarenta e dois).
ela gostava de seda
odiava o tafetá
de doce, ficou azeda,
- de quebra-espelho não dá!
se soubesse que era assim
- não gostou logo belisca -
nada escrevia de mim
- voil, quem usa é odalisca.
essa sim é um arco-iris
usa cores e mais cores
vou botar pingos nos iis
ao escolher meus amores.
não será pelo vestido
só se for olho-no-olho
não quero ficar vendido
- nem com cara de repolho.