MOLHADO DE CHUVA

molhar é encantadoramente triste

é como existir ao contrário

os passos do caminhante molhado anunciam

os restos de um mundo guardado

da possibilidade de acontecer

não há riso preparado nem prenúncio de lágrima

no rosto do homem que molha

não há sex-appeal nem dor que embala

o que há é apenas (como a mão do assassino)

a real a inadiável crucificação do momento

o inútil encantamento de não ser inatingível

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 05/12/2008
Reeditado em 19/08/2013
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