HOMENS DAS COISAS
Homens das coisas:
Que entram sem parar.
Que exploram os eflúvios.
Que implodem a paixão.
Que ultrapassam os limites.
Que procuram as sombras.
Que apalpam as montanhas.
Que exploram as cavernas.
Que escorregam pra dentro.
Homem dos costumes:
Que sucumbe aos tabus.
Que foge dos desígnios.
Que fica com receio.
Que perde a hora da vez.
Que inibe a vontade.
Que só fala quando se cala.
Que não vai em frente.
Que não suscita demente.
Homem das conquistas.
Que segue ereto na vida.
Que não teme o não.
Que enfurece a paixão.
Que envereda na estrada.
Que fuzila a danada.
Que não esquece de nada.
Que percorre o tudo.
Que a faz ficar muda.
Homem das desilusões.
Que fica sempre pra trás.
Que se acha um touro.
Que se vê ornamentado.
Que distribui risos.
Que causa piedade.
Que não chega nunca.
Que sai sempre.
Que perde a hora.
Homem que é homem.
Que está presente.
Que planta a semente.
Que não tem hora marcada.
Que faz sua lição.
Que sabe a posição.
Que tem disposição.
Que manda brasa...
Homem de um amor.
Que valoriza a unidade.
Que dela faz vertente.
Que nela produz rebento.
Que dela tem seu canto.
Que nela encontra tudo.
Que dela faz seu antro.
Que nela vive o muito.
Homem dos amores.
Que sai por aí.
Que pensa com 'ele' só.
Que distribui panfleto.
Que pensa na fama.
Que acha que ama.
Que se desdobra.
Que pulsa as horas.
Que cai nas mentiras.
Assim... são os homens;
Que pensam naquilo.
Que viajam nas matas.
Que são mestres delas.
Que trazem o vento.
Que penetram nas frestas.
Que alargam o cotidiano.
Que inundam o mundo.
Que fazem a festa.