O cigarro
Ah, vício maldito!
Te jogava pela janela!
Cinco minutos depois,
Saia por ela,
Como uma doida,
A te procurar.
Era a falta de nicotina,
Que trazia esse comportamento demente.
Afinal, foram mais de dez anos de cigarro...
Uma década que saiu caro
Agora que parei pra contabilizar.
Sabia que fazia mal
(E ainda sei).
Sabia que matava
(Por isso parei).
Sabia que era prego no caixão a cravar
(só citando um chavão popular).
Mas nem por isso,
A vontade pára...
E um adesivo de nicotina colo,
Na pele agora mais clara,
Tentando a tentação evitar.
Tomei remédio mas fiquei quase louca,
Mandei meio mundo calar a boca,
Nos seis dias que fiquei a tomar.
Mandei uma velha pro inferno,
Desejei a um amigo que fumava
O desespero eterno...
Ou que, ao menos,
Cigarro não pudesse compar.
Sonhava com árvores carregadas de maços,
Farejava nas ruas um cigarro recém aceso...
Achei que ia endoidar.
Mas após a primeira semana,
Me tornei quase uma dama
(se as explosões de mau humor não contar)
Fraquejei na primeira festa...
Pensei:
"Mulher, você não presta...!"
Nem sabia onde me enfiar.
Afinal, por tanto tempo,
O cigarro foi um companheiro,
Uma muleta psicológica,
Acessório de filme noir...
E agora, fico a sentir saudade,
Da nuvem azulada que se erguia...
Droga!
Que porcaria!
Melhor parar de escrever
Senão eu volto a fumar!!