VIOLÃO PEDE DIVÓRCIO
Ah! Nunca me senti assim.
É muito ruim!
Estou com uma dor tão grande,
Maior não poderia ser.
Então, lá de dentro de mim,
Alguém diz: cante!
Tudo bem.
Vou cantar a plenos pulmões.
Chorando, pego meu velho violão.
E ele como está desafinado,
Ficamos perfeitamente combinados.
O acorde vai para um lado,
Minha voz para o outro,
O choro faz a percussão,
A lágrima dita à canção
Fico com o coração aliviado...
Ainda bem que não somos escutados...
Caso contrário, seríamos definitivamente calados.
Por que o som que fazemos
É um verdadeiro lamento de dor.
Que horror!
Paro e começo a escrever.
Fico até mais aliviada.
E o meu violão a minha esquerda a me olhar,
Como quem indignado me dissesse:
Que mania você tem de querer
Me massacrar quando triste está!
Ainda bem que parou,
Pois estávamos tão desencontrados,
Que desejei de você estar divorciado.
Você não acha que seria o mais acertado?
Parei, o encarei com coragem
E lhe disse claro e em bom som:
Nem pensar!
Como poderia eu viver
Sem você para “acordar”?