A encosta

Eu fitei a íngrime encosta

E fiz comigo uma aposta:

Esta, eu posso escalar.

Vencia devagar cada metro,

Enquanto subia, quase reto,

Sem pra baixo olhar...

Daí...

Bom, daí é que eu fiz bobagem.

Um amigo, de sacanagem,

Se pôs a me chamar.

Dei uma de burra,

E olhei pra baixo, sem hesitar...

E me lembrei que morro de medo de altura

(coisa que só o medo de aranhas consegue superar).

E enquanto ficava ali parada,

Feito uma doida,

Paralizada,

Pus a mente pra funcionar.

Depois de ter passado tanta coisa,

De ter vivido amor que cansou,

De ter visto tanta gente que fracassou...

Justo eu vou me entregar?

Engolindo o medo,

Ergui o queixo feito rainha.

A decisão de minha sorte é só minha...

Não é o medo de altura que vai me parar!

E, por mais incrível que pareça,

O resto da encosta foi fichinha...

Isso só prova uma teoria minha:

Mulher decidida, nem medo pode derrubar.

Zannah
Enviado por Zannah em 01/10/2008
Código do texto: T1206481
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