NADA É PARA SEMPRE

vagas lembranças

pandemônio e iras

alunos casa ao lado

aprendizes acordeon

torturantes diuturnos

o velho e quatro filhos

artistas orgulhosos

crendo-se admirados

vizinhos angustiados

por muito tempo não ouvia

nada que se referisse àquilo

o excêntrico ficou marcado

cardápio caipira vetei

chuchús e abobrinhas

indigestas memórias

também repudiei o instrumento

de tantos acordes e sofrimento

aos meus tímpanos injuriados

anos passados contudo

pela boca fui vencido

os legumes anistiados

Surpreso vendo a tv certo dia

na poltrona da sala fascinado

sons na sanfona dedilhados...