MÃOS PARA O ALTO!
“Mãos para o alto!” — me disse
o gatuno, sem alvoroço.
Arrebatou-me em seguida
o relógio do pulso
e o cordão do pescoço.
Mas para o rato era pouco...
Levou-me as calças de brim
a camisa de malha
meu tênis surrado
a mochila de lona
meu ordenado...
E debandou como um louco.
Depois, quase desnudo,
sorri feliz na avenida
porque ainda tinha tudo:
— a Vida! —
E ajoelhei-me no asfalto,
agradecendo a Deus
de “mãos para o alto”...
* * *