CARA A CARA
CARA A CARA
Estou numa praça de alimentação
Há gente por todo lado
Fazendo muita algazarra
Mas como estou com um livro nas mãos
Não escuto e não vejo nada.
No meio da multidão me sinto só
Leio o livro e reflito se realmente existo
Penso, penso e não encontro nada
O caos que está em mim me arrasa...
O cheiro me deprime e me sufoca
Mistura de comida, perfume e bebida
Não combina com meu apurado olfato
E sinto dificuldade de respirar no ato...
Pergunto-me o que faço ali
E escuto alguém responder
E eu que vou saber?
A doida aqui é você!
Suspendo a leitura
Olho para um lado e para o outro
Procurando quem foi comigo tão afoito
E do outro lado da mesa está a minha cara
A zombar de mim com muito gosto...
Que desgosto!!!
Levanto-me pronta para me encarar
Guardo dentro da bolsa o livro com cuidado
E já de pé me vejo continuar sentada
Fico com muita raiva e me pergunto:
Vai continuar aí parada?
Vou embora sem olhar para trás
Mas sinto que resignada me acompanho
Rio e fico meio tonta ao constatar
Como fui boba em me desafiar!