O VÉIO

O véio veio e olhou o roçado,

viu as planta e depois falou:

- A folha da abroba tá tudo grande,

e tem cabacinha embaixo das fulô.

voltou e já entrou pra cozinha,

mexeu no fogão, nas panelas.

Pegou uma caneca de café,

foi beber lá perto da jinela.

A veia quis dar pra ele um doce,

desses de cidra, da casca dura.

Ele afastou, disse que não quis,

serve bom é pra quebrar dentadura.

montou no pangaré e foi pra venda,

lá pediu logo uma "amélia" no coité.

Fisgou com a faca um pedaço de chouriço.

ouviu uns catador e cheirou uns rapé.

começou perder o sentido das direção,

evaporou todo tutu da gibeira,

Saiu e pegou o Sol feito brasa.

dormiu caído no meio da poeira.

acordou e empuleirou no pangaré,

com a calça molhada e sem uma bota.

Chegou em casa sonolento e esticado,

E numa venda perto pediu uma meiota.

a veia não deixou ele entrar,

até curar aquele porre lascado,

Achou uma grama e ali deitou,

acordou tardão com um cão do lado.