IMERSÃO

Não é luz dourada que brinca em teus lábios

Olhos sábios, maternidade presente em meus diários

Tampouco as estrelas que sobem nas laterais do teu vestido

Deus sempre estará contigo

Tudo lindo

O guri puxou-lhe a barra da saia em incontido pressentimento

Paz se faz com comprometimento, encantamento ...

Descobrira que o mar beijou a face de sua mãe

Não pediu licença, não se apresentou, nem negociou ...

Gigante azul, lenda que o meu pai contou, balbuciou ...

Abriu seus braços em horizonte fronteiriço

Acho que era quase isso

Areias revolvidas em terreno alagadiço

Fez-lhe rimas em improviso

Lembra-se disso?

Curvou-se diante daquela singela mulher

Grandiosidade que semeia a minha fé

Reconheceu a imensidão daquela mãe

Não se acanhe, que o amor o acompanhe

Ambos eram alegria, poesia

Aliás, quem não seria?

O filho se extasiou

A sua paixão maternal

Magia que o cativou

Tempo se passou, barquinho remansando ao litoral

Mãe, filho e mar, quanta espera,

Dona Quitéria, pessoa sincera, não se revela

Bondade é o tempero da igualdade, prima-irmã da sinceridade

Criou o filho para poder voar ...

Seu último pedido?

Poder narrar que nos braços do mar, veio-lhe o pequeno rebento

Embarcação que sobreviveu a um grande tormento

Renasceu o galego vindo de um quase afogamento

Era seu, apenas seu, pois era esse o seu juramento

E eu, que era tão novo naquele dia

Hoje reconheço, não me esqueço

Dona Quitéria, minha mãe

Saudade que vem do meu berço

Felicidade, estrada tranqüila em que eu não me perco

YOUNG
Enviado por YOUNG em 10/04/2008
Código do texto: T940333