IMERSÃO
Não é luz dourada que brinca em teus lábios
Olhos sábios, maternidade presente em meus diários
Tampouco as estrelas que sobem nas laterais do teu vestido
Deus sempre estará contigo
Tudo lindo
O guri puxou-lhe a barra da saia em incontido pressentimento
Paz se faz com comprometimento, encantamento ...
Descobrira que o mar beijou a face de sua mãe
Não pediu licença, não se apresentou, nem negociou ...
Gigante azul, lenda que o meu pai contou, balbuciou ...
Abriu seus braços em horizonte fronteiriço
Acho que era quase isso
Areias revolvidas em terreno alagadiço
Fez-lhe rimas em improviso
Lembra-se disso?
Curvou-se diante daquela singela mulher
Grandiosidade que semeia a minha fé
Reconheceu a imensidão daquela mãe
Não se acanhe, que o amor o acompanhe
Ambos eram alegria, poesia
Aliás, quem não seria?
O filho se extasiou
A sua paixão maternal
Magia que o cativou
Tempo se passou, barquinho remansando ao litoral
Mãe, filho e mar, quanta espera,
Dona Quitéria, pessoa sincera, não se revela
Bondade é o tempero da igualdade, prima-irmã da sinceridade
Criou o filho para poder voar ...
Seu último pedido?
Poder narrar que nos braços do mar, veio-lhe o pequeno rebento
Embarcação que sobreviveu a um grande tormento
Renasceu o galego vindo de um quase afogamento
Era seu, apenas seu, pois era esse o seu juramento
E eu, que era tão novo naquele dia
Hoje reconheço, não me esqueço
Dona Quitéria, minha mãe
Saudade que vem do meu berço
Felicidade, estrada tranqüila em que eu não me perco