À minha Preta Véia.
Mãe Preta, raízes de Oxóssi.
De uma África...tão distante!
Guerreira do feijão,
Do vatapá e do acarajé,
Dos rituais do candomblé.
Ainda que vejam insignificante,
Sei que não foi à toa teu labutar errante,
Teu penar frente ao velho tabuleiro,
Inseparável e fiel companheiro
De todas as tardes, na pracinha,
Onde aprendi a ser criança.
Ali, vi passarem os ilustres da cidade,
Senhoras, estudantes e vagabundos
E com toda a paciência do mundo
Me ensinastes a vê-los como um só.
A mão pesada que batia a massa,
Fazia cafuné, repreendia a pirraça,
Ajeitava a longa e rebelde trança
Na cabeleira da sua inocente criança
Que satisfeita, dormia ao seu colo.
Mesmo já homem para a sociedade,
Pra ti, sempre criança em tenra idade.
Sempre serei teu pequeno netinho
E nada vai arrancar o espinho,
Que a sua partida cravou no meu peito.
Colofé!