A SEVERINO MARINHO
Ainda me lembro quando, em teus braços,
Meio adormecido de cansaço
Eu viajava sob a luz da lua
E acordava ao balançar dos passos
Observando, de mansinho, os traços
que os teus pés deixavam pela rua
Também as vezes, antes de dormir
Toda a familia ajoelhada ao chão
Rezando o terço, hora de pedir
E agradecer a Deus o Seu perdão.
E outras noites, de luar intenso
Em que deitavas o teu corpo imenso
Sobre a calçada, para descansar
Tendo por cima a tuA prole farta
A ouvir histórias de reis e de matas
Ou as canções que sabias cantar
"...É tarde, eu já vou indo,
preciso ir embora, té manhã..."
E eram noites de tanta magia
Que o tempo passava e eu só percebia
Quando chegava a hora de acordar
Agora olhando o teu corpo inerte
Onde não posso mais me recostar,
Ouvir histórias nem canções na noite
Vem a saudade me fazer chorar
Mas me conformo, pois para onde vais
Outras crianças irão escutar
Minhas histórias e canções de paz
Papai do céu, grande amigo teu
Ouvir histórias e canções queria
Assim, chamou-te para o lado Seu
E ofereceu a Sua companhia
E assim se deu a tua partida
Foste morar num pedacinho do céu
Tua jornada temos por cumprida
Estás agora bem pertinho de Deus
Agora os anjos ouvem as histórias
E as canções que eu ouvi um dia
Contigo cantam para Deus a Glória
E fazem coro Jesus e Maria
O teu lugar no céu é merecido
Pos tua vida sempre foi exemplo
A tua alma foi de Deus morada
E do teu corpo Ele fez um templo
De decência, honestidade e fé
De pureza e de amor também
Estejas, pois, com Ele em Sua Glória
E permaneças para sempre AMÉM.