MEUS FILHOS
De repente,
Lembrei-me de meus sonhos de mocinha:
Queria ter muitos filhos
E queria, em cada um deles,
Ver-me espelhada
Naquilo que me valeu.
Que cada um tivesse uma parte de mim,
Não a cor dos cabelos, da pele, dos olhos,
Mas de mim interior,
Eu saberia cuidar para que não sofressem
Como eu sofri... ...snif...
Se fossem meninas,
Que tivessem a minha alegria,
A minha alegria de viver,
O meu sorriso de menina...
A minha irreverência!
Se fossem meninos,
Que fossem ousados,
Arrojados, determinados,
Como eu fui sempre que precisei!
Que jamais perdessem a fé na vida,
Pois ela sempre me acompanhou, sempre,
Mesmo nos momentos de fundo do poço,
Quando parecia que não ia emergir jamais!
Que nunca deixassem de rir de si mesmos
E de tudo, irreverentemente,
Para conservarem a leveza de ser.
Que conservassem o bom humor,
Pelo bom humor, somente,
Para preservarem o coração!
Que fossem versáteis, criativos, imaginosos,
Porque isso me valeu em muitos momentos,
Até pelo pão nosso de cada dia!
Que fossem arteiros e travessos,
Para se conservarem jovens para todo sempre,
Porque assim tenho me conservado até agora!
Que se assemelhassem aos pássaros,
Em liberdade nos céus,
Porque eu preservei e lutei
Pela liberdade de tudo, de todos,
E da minha própria liberdade!
Precioso bem do meu espírito!
Mil cabeçadas dei a lutar por ela!
E os tive e cada um é um,
Racionalmente diferente,
Contudo são como eu,
Em cada pedacinho,
Como a realização do meu sonho!
Amando-os eu me amo profundamente,
Multiplicado por seis.
Amo cada um como se fosse o único
Filho da minha vida!
E Deus me fez ver
Na transparência de minha alma
O tanto que sou feliz!
Praza aos céus que eu saiba repartir
A felicidade a outros também!