A Última Roça

Na curva do tempo, a enxada descansa,

O chão, que outrora era vida, é lembrança.

No campo dormido, sementes ausentes,

Histórias guardadas no peito da gente.

O velho chapéu, pendurado no prego,

No canto da casa, ressoa um apego.

São mãos calejadas que o mundo moldou,

São vozes que o vento jamais apagou.

A última roça resiste no olhar,

Do avô sentado, cansado a lembrar.

Dos filhos correndo, do milho em espiga,

Do sol que queimava a pele antiga.

Agora o mato, invasor silencioso,

Cobre o terreiro, o grito saudoso.

Mas a família, provada e ferida,

Carrega o campo na alma vivida.

O fogão de lenha, a fumaça que sobe,

Guarda o sabor que o progresso não roube.

Mesmo que a roça se perca no chão,

Ela floresce em outra estação.

Pois terra de sangue, de luta e suor,

Não morre no tempo, ressurge maior.

Na memória dos netos, no sonho sagrado,

A última roça nunca é passado.

Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 17/12/2024
Código do texto: T8221204
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