No Nono Mês.
*No Nono Mês*
No ventre, um mundo em gestação,
No coração, uma inquietação.
O tempo é um rio que quase para,
E o corpo, uma tempestade rara.
Os pés cansados pedem alívio,
A respiração busca o equilíbrio.
Cada movimento, um presságio,
De um milagre prestes a ser passagem.
O desconforto, amigo insistente,
Abraça a alma, torna-a paciente.
As noites longas, sem repouso pleno,
Guardam o mistério do amor terreno.
Será hoje? Será agora?
Cada sinal desperta a aurora.
Um chute, um giro, uma dança lenta,
A espera é doce, mas também tormenta.
E no peito, a alegria já brota,
Como quem canta sem dar conta.
Ser mãe é mais que dar à luz,
É renascer em outro que nos conduz.
No nono mês, o corpo é um templo,
De dor, de sonho, de puro exemplo.
E quando a hora, enfim, chegar,
O mundo, num choro, irá despertar.
*Vasco Toledo*