Mãos que Não Alcançam

Sou a sombra que se estende,

alcança, mas nunca toca.

Minhas palavras, tão pequenas,

se perdem na linha torta.

Fui deixada de lado,

como um sussurro que o vento não quis carregar.

Minha mão estendida, cheia de cuidado,

mas invisível, esquecida, deixada ao ar.

Minha mãe, querida,

quis o amparo de mãos mais pequenas,

como se os meus dedos fossem frágeis,

incapazes de dar sustento às suas penas.

Sinto o peso da escolha que não entendo,

e me pergunto, perdida em pensamentos tardios:

será que me vê com olhos nublados,

como se meu valor se desfizesse em rios?

Não sou mais do que um suspiro,

ou um rosto sem expressão?

Será que para ela, sou um peso,

sem voz, sem distinção?

Será que meu toque é pesado?

Será que meu gesto se perdeu?

Ou será que eu mesma, no fundo,

não sou tudo que prometeu?

Minha irmã foi a escolhida,

minha ajuda, deixada de lado.

E, em meio ao silêncio da casa,

fico com o peito apertado.

Talvez sou o peso,

o fardo que não segura, não alivia.

E na sombra desse silêncio que me cerca,

me pergunto onde se esconde minha harmonia.