BRINCADEIRA DE CRIANÇA
Nasci aqui na poesia.
Que descreveu em versos minha folia.
Por estar crescendo mais que um terço.
E já ter saído do meu berço.
Hoje não sou tão diferente.
Ainda rebusco a alegria de ser criança.
Ultrapassando os repentes da molecagem
E alcançando outras formas de abordagem.
Mas ainda corro à vontade.
E freio antes de cair.
Pois meu corpo pode ruir.
E assisto a vida passar.
Mas continuo a tropeçar.
Ainda insisto no sonambulismo.
Não durmo na hora marcada.
Espero chegar a madrugada.
Até vou dando pernada.
Rodopiando com a gurizada.
Brigando com a mana que não fica calada.
Mas continuo dando risada.
Por essa vida é cheia de regra.
Minha mãe não dá nenhuma trégua.
Meu pai me corrige quando possível.
Mas finjo ser invisível.
Para fugir dos reclames.
Que impedem meus certames.
Alimento-me pouco quando é hora.
Mas falo da fome logo depois.
E se possível me alimento por dois.
Porque detesto a disciplina.
Que é coisa de menina.
Mas busco me confortar.
Quando dizem que é hora de acordar.
Porque aí quero dormir.
Sem me interessar pelo que há de vir.
Para sonhar com outro brincar.
Quando o relógio avançar.
E a bola também rola.
Quando encontro com quem driblar.
Porque não custa sonhar.
Em que time vou jogar.
Para ser Kaká ou Robinho.
Ganhando dinheiro sózinho.
Nesse mundo de miudinhos.
Que não jogam a vida toda.
Mas que marcam gols de placas.
Por vários tipos de “Maracas”.
Até para satisfazer meu pai.
Que desse pensamento não sai.
Achando que vou ser jogador.
Mas quero ser doutor...
Pois já disse que vou ser Desembargador!
Tudo vai acontecendo como um raio.
Até quando brinco com o papagaio.
Que também quer ter minha garra.
Querendo absorver minha farra.
Como se fosse possível entrar na algazarra.
Digo para parar de gritar.
Porque assim vai atrapalhar.
Com esse rosnar de ave traquina.
Vai espantar as meninas!
Que moram ali na esquina.
Que movem minhas turbinas.
Incentivando meu vôo pelo espaço.
Para alcançar seus abraços.
Mas o sonho termina.
E volto à minha rotina.
Falo também do play station.
Jogo que curto por hora.
Fazendo um jogada mortal.
Superando uma fase colossal.
E avançando qualquer sinal.
Tornando-me um perito sem igual.
Vencendo a máquina matreira.
Que não respeita minha fronteira.
Atirando-me numa ratoeira.
Mas venço todas as naves.
Ultrapassando todas as fases.
Mas sou dominado pelo cansaço.
Recuo na minha gana.
Para cair na minha cama.
Durmo tranqüilo como ninguém.
Mas só depois de dizer AMÉM!...