Avós

Avós

Nos tempos dos avós, o rancho vivia cheio.

A mesa era sempre farta, e as histórias embalavam as rodas de chimarrão.

Costumes e tradições perpetuavam o lugar.

Era lindo de viver, e hoje nos faz pensar:

Que ricas as experiências e vivências

Vividas naquele lugar.

Dos costumes, a bênção,

A cuia de chimarrão e o fogão de chapa limpa,

Com a leiteira chiando logo no clarear do dia.

A mesa era sempre farta.

O café era servido, e ai de quem não se sentasse à mesa.

As refeições eram feitas com todos juntos, ali, no mesmo lugar.

Sem camisa, nem pensar, e muito menos de chapéu.

Tradição e educação passadas de pai para filho, sem nunca se desviar.

União, assim se definiam aquelas ceias sagradas,

Mostrando que num simples gesto havia muito a ensinar.

Outro tempo, aquele tempo; me orgulho em falar.

Temos por palanque na família os avós,

E isso é bem a verdade.

Sem eles, a identidade e tudo que ela sustenta vai a galope para o mundo,

E fica difícil buscar.

O mundo anda mudando,

Não me julguem ignorante,

Mas tenho em minha memória o que vivi por lá.

Pode ser fácil julgar, para a nova geração que não viveu a experiência que eu vivi quando pia.

Essa tal de experiência, palavra que até pouco tempo não me lembro de usar,

Hoje faz sentido para o que tenho a falar e pelas vivências que tive, até me propondo a usar.

Amanhã serei avô,

E será a minha casa que servirá de esteio,

Trazendo as velhas histórias de coisas ultrapassadas que talvez nem façam sentido para aqueles que estiverem a me escutar.

Não fazia sentido,

Mas no meu tempo sempre gostei de escutar.

Ao passar dos anos, já mais experiente, me peguei pensando que muito pouco escutei. E olha que escutei!

Mas, por capricho do tempo, pouco me restou para lembrar.

Lembro do que vivi, e como lembro, senhores.

Dos primos reunidos no verão,

Dos banhos de sanga,

Das campeiradas e das brincadeiras inocentes daquele tempo.

Saudade é uma palavra que vem acompanhada de olhos marejados e memórias afetivas que alegram a alma e entristecem o pensar.

Pensar que tudo passou tão rápido que a lembrança que temos é o que nos resta das experiências, das vivências e dos avós.

Hoje, em um plano espiritual, para aqueles que acreditam, estão muito melhores do que estamos,

Onde estes recordam os anos juntos dos seus,

Lugar onde hei de morar.

Neste lugar abençoado, onde a memória é infinita, me cercarei daqueles que muito vão me contar, abastecendo minha alma da fonte inesgotável de vivências guardadas no seu falar.

A vida é complicada, não cabe a nós entender.

Nos cabe viver e deixar aqui plantado aquilo que nos foi passado e podemos ensinar.

Quando me for, certamente, meus netos em sua mente também irão me guardar!