A família se encontra

No vão das palavras.

 

O passado é um degrau na história.

Não muda o que fomos,

Mas muda o que somos.

 

O passado não constrói o futuro

Como diriam os antigos poetas.

 

Ele vira som

E vibra como  boa música,

Mesmo que não saibamos

Dedilhar os instrumentos.

 

A verdade é que os momentos

Comandam a sinfonia.

 

Cânticos aos nomes,

Violinos aos ancestrais,

Pianos aos primogênitos,

Guitarras aos atuais.

 

Como o verbo que desliza em frases compridas dizendo que a vida sempre valerá a pena enquanto houver união, ou simplesmente: JUNTOS!

 

Se as mãos se tocarem

A energia transitará em suas almas.

Se os beijos persistirem

O amor que nunca acaba,

Vira mel.

 

Se olharmos uns para os outros, lembraremos:

De pequenos, desde os grunhidos  sufocados no amniótico

À ótica remissiva da matriarca.

 

Nunca esquecendo a marca perpetuada como tatuagem,

Dos que se foram

E continuam sendo.

 

Talvez a cadeira de espaldar alto tenha sido mesmo um trono.

Talvez as suíças do bisavô fossem verdadeiras.

Ou talvez a Lua tenha me trazido a poesia.

 

Mesmo as ruas de pedras,

Ou as mais belas madeixas.

 

Mesmo o trânsito de composições,

Fantasias ou não

São partículas desse universo

Ou o todo de minha poesia...

 

Não quero explicar com detalhes

Pois a graça escoaria pelo bueiro,

E um tempo inteiro não teria valido um segundo.

 

Metáforas ou utopias.

Famílias são isso,

Um trecho da linda composição

Que nunca deixamos de viver.

 

E minha família

Teve bigodes,

Óculos de grau.

 

Seres pacientes e eufóricos,

Inconscientes ou detalhistas,

Terno e sandália,

Mala de couro, jaqueta de nylon,

Meias de seda,

Prêt-à-porter...

 

Cheios de desejos

Ou fatigados de desejar.

 

Cada um deles uma nota de amor,

Orquestrada pelo calor do Sol...

MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 01/08/2024
Código do texto: T8119837
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