A família se encontra
No vão das palavras.
O passado é um degrau na história.
Não muda o que fomos,
Mas muda o que somos.
O passado não constrói o futuro
Como diriam os antigos poetas.
Ele vira som
E vibra como boa música,
Mesmo que não saibamos
Dedilhar os instrumentos.
A verdade é que os momentos
Comandam a sinfonia.
Cânticos aos nomes,
Violinos aos ancestrais,
Pianos aos primogênitos,
Guitarras aos atuais.
Como o verbo que desliza em frases compridas dizendo que a vida sempre valerá a pena enquanto houver união, ou simplesmente: JUNTOS!
Se as mãos se tocarem
A energia transitará em suas almas.
Se os beijos persistirem
O amor que nunca acaba,
Vira mel.
Se olharmos uns para os outros, lembraremos:
De pequenos, desde os grunhidos sufocados no amniótico
À ótica remissiva da matriarca.
Nunca esquecendo a marca perpetuada como tatuagem,
Dos que se foram
E continuam sendo.
Talvez a cadeira de espaldar alto tenha sido mesmo um trono.
Talvez as suíças do bisavô fossem verdadeiras.
Ou talvez a Lua tenha me trazido a poesia.
Mesmo as ruas de pedras,
Ou as mais belas madeixas.
Mesmo o trânsito de composições,
Fantasias ou não
São partículas desse universo
Ou o todo de minha poesia...
Não quero explicar com detalhes
Pois a graça escoaria pelo bueiro,
E um tempo inteiro não teria valido um segundo.
Metáforas ou utopias.
Famílias são isso,
Um trecho da linda composição
Que nunca deixamos de viver.
E minha família
Teve bigodes,
Óculos de grau.
Seres pacientes e eufóricos,
Inconscientes ou detalhistas,
Terno e sandália,
Mala de couro, jaqueta de nylon,
Meias de seda,
Prêt-à-porter...
Cheios de desejos
Ou fatigados de desejar.
Cada um deles uma nota de amor,
Orquestrada pelo calor do Sol...