O passado é um degrau na história.
Não muda o que fomos,
Mas muda o que somos.
O passado vira som
e vibra como boa música,
Mesmo que não saibamos
dedilhar os instrumentos.
A verdade é que os momentos
comandam a sinfonia.
Cânticos aos nomes,
Violinos aos ancestrais,
Pianos aos primogênitos,
Guitarras aos atuais.
Como o verbo que desliza em frases longas dizendo que a vida sempre valerá a pena enquanto houver união, ou simplesmente: Juntos.
Se as mãos se tocarem
A energia transitará
na fantasia.
Se os beijos persistirem
o amor que nunca acaba,
Vira mel.
Se olharmos uns para os outros,
Lembraremos.
De pequenos,
Desde os grunhidos sufocados no amniótico
à ótica remissiva da matriarca,
Nunca esquecendo a marca perpetuada como tatuagem,
Dos que se foram
e continuam sendo.
Talvez
a cadeira e espaldar alto tenha sido mesmo um trono.
Talvez
as suíças do bisavô fossem verdadeiras
ou a Lua tenha me trazido a poesia.
Mesmo as ruas de pedras,
Mesmo as suas madeixas,
Mesmo o trânsito de composições,
Fantasias ou não,
São partículas desse universo
ou o todo de minha poesia.
Não quero explicar com detalhes
pois a graça escoraria pelo bueiro
e um tempo inteiro não teria valido um segundo.
Metáforas ou utopias,
Famílias são isso,
Um trecho de todo amor
que nunca deixamos de caminhar.
E a minha
tem bigodes,
Óculos de grau,
Pacientes e eufóricos,
Inconscientes e detalhistas,
Terno e sandália,
Mala de couro, jaqueta de nylon,
Meias de seda,
Prêt-à-porter...
Cheios de desejos
ou cansados de desejar.
Cada um deles uma nota
regida por Sol.