MÃE REVOLUCIONÁRIA
Madrugada fria em julho. Chovia.
Era minha mãe quem chorava e ria.
Nasceu! Tão pequeno... Cabia na copa do chapéu do meu pai.
Por seus filhos, ela desatinou pelo mundo.
Com meu pai, empunhou a foice cega,
Que nem afiar sabia.
Tomada por uma força insana,
Que do seu âmago fluía,
Arrombou a cabana velha e tomou para si a terra vazia.
Agora, mãe e senhora, novamente chorava e ria.
Mas a terra sozinha é preguiçosa e seca.
Sem o acalanto da enxada, somente mato cria.
E na indolência da rede, no calor do dia,
A barriga roncava. Deus, lá de cima, tudo via.