Ode aos Antepassados
Em minhas veias
mulheres indígenas de São Paulo
Potira(s) Bartira(s), Tibiriçá(s)
circulam, amam, renascem
dançam seus ritmos tribais
Ainda geram as forças
que impulsionaram seus descendentes
à coragem de bandeiras seguirem
chegando a Minas Gerais
Em minhas veias
também soam tambores, surdos
africanos deslocados
por mares atravessados
até se unirem aos povos
vindos da distante Portugal
e aos indígenas originários
pra viverem nas Gerais
Em minhas veias, o banzo
de quem saudades sentiu
alguns aventureiros, outros exilados
Buscaram terra nova
fugiram de muitas guerras
e, sendo judeus asquenazitas
buscaram uma vida em paz
Em minhas veias
um rio e muitos afluentes
passaram pela África, Itália, Portugal
vieram pelo Oriente Médio
navegaram oceanos diversos
Aportaram em nossas montanhas
e aqui fizeram um lar
Em minhas veias
sigo Aída guerreira
ouço fados e cirandas
danço valsas vienenses
ou bailo a tarantela
Também can-can, flamenco
Faço soar castanholas,
aprendo a dança do ventre
e a sensualidade do Egito
guia meus movimentos
Em minhas veias, todos navegam
Ouço-os, vejo, sinto, imito
recebo por herança e agradeço!
Biláh