OS MEUS

Eu me lembro, era menino,

e chegava em casa e minha

mãe pegava minhas roupas

e pedia às empregadas que

lavassem. Eu ia estudar e

enquanto escrevia o dever

de casa, minha mente vagava

no sonho de um dia ser

escritor. Minha mãe me chamava

para o almoço. Na mesa estavam

ela, meu pai e meus irmãos.

Eu me sentava e eu mesmo

me servia. Almoçávamos calados

em respeito a tudo o que

nos rodeava. Mas antes

nós rezávamos agradecendo

a Deus o ter o que comer.

Hoje aqui estou, homem feito

com saudades daquele tempo.

Já se foi a meninice, já se foram

meu pai e minha mãe e alguns

de meus irmãos. Mas minha

poesia resta viva enquanto eu

vivo for. Quer dizer, vivo, eu

estarei escrevendo. Se algum

me julgar digno de um futuro

escrito, não sei se na outra

vida poderei festejar.

Aristides Dornas Júnior
Enviado por Aristides Dornas Júnior em 14/01/2024
Código do texto: T7976299
Classificação de conteúdo: seguro