OS MEUS
Eu me lembro, era menino,
e chegava em casa e minha
mãe pegava minhas roupas
e pedia às empregadas que
lavassem. Eu ia estudar e
enquanto escrevia o dever
de casa, minha mente vagava
no sonho de um dia ser
escritor. Minha mãe me chamava
para o almoço. Na mesa estavam
ela, meu pai e meus irmãos.
Eu me sentava e eu mesmo
me servia. Almoçávamos calados
em respeito a tudo o que
nos rodeava. Mas antes
nós rezávamos agradecendo
a Deus o ter o que comer.
Hoje aqui estou, homem feito
com saudades daquele tempo.
Já se foi a meninice, já se foram
meu pai e minha mãe e alguns
de meus irmãos. Mas minha
poesia resta viva enquanto eu
vivo for. Quer dizer, vivo, eu
estarei escrevendo. Se algum
me julgar digno de um futuro
escrito, não sei se na outra
vida poderei festejar.