Erros de Mamãe
Nunca sei
que tipo de poema deveria escrever -
se hei eu de continuar complicando,
ou se melhor seria se eu simplificasse.
Ponho, entretanto,
no papel,
meu jeito de ser.
Palavras complicadas para mensagens
simples.
Alguns versos longos,
mas que sempre acabam em rima.
Ninguém nunca me disse
que eu nunca necessitei escrever obras primas;
pelo contrário -
minha mãe sempre me incentivou ser perfeita
ela quer que eu acerte onde ela errou.
Mas todo indivíduo
que já morou num ventre -
e que infelizmente é expurgado deste confortável lar -
só aprende com os próprios erros;
tropeçando nos próprios passos,
se engasgando com a própria saliva,
sentindo vergonha das próprias palavras.
Eu só acerto se um dia errei.
Por isso não me importo com a minha grade escolar,
se aquela nota me define ou não
- já sei a resposta.
não.
Errei uma questão,
posso errar de novo,
mas eu só acerto se um dia errei.
Ninguém nunca me disse
que eu necessitava errar
- pelo contrário -
minha mãe gritou comigo quando
eu sem querer a feri.
Posso parecer livre,
mas assim como todos,
tenho opressões e repressões enraizadas.
Eu costumava ter muito medo de errar
por causa da minha mãe.
Mas já não fazemos parte do mesmo corpo há 14 anos,
ela tem que se distinguir de mim
e eu tenho que me distinguir dela.
Tenho que viver.
coletar os meus erros
que podem ou não ser diferentes dos dela.
Mãe, me desculpa,
mas eu vou errar. Muito.
E talvez meus erros sejam os mesmos que os seus -
e nesse caso - paciência.
Mas eu só acerto se um dia errei.
Mamãe, não sou a senhora.