IDENTIDADE
IDENTIDADE 1
Às vezes, há pessoas
De ouvido mais aguçado
Que me perguntam quem sou,
(talvez pelo sotaque um tanto desfocado)
E eu respondo:
Sou lusitano, ora pois,
Patrício de Viriato guerreiro valente
Por seus feitos glorificado,
Que venceu romanos e outros mais
Que pisaram seu pátrio solo sagrado.
Também gaúcho um pouco sou
E em tempo mais recente
Adquiri por conta própria
Cidadania carioca;
Ou serei talvez um fuso sem roca
Sem linha pra fazer a maçaroca,
Ou para descomplicar as coisas
Serei um “luso-cariúcho”.
Fui casado com uma bela prenda
Lá do extremo sul
Deste Brasil grande,
Onde sopra o rijo vento minuano.
Desconfio que Deus por engano
Para junto de si cedo a levou,
Ou talvez por falta de um anjo
De coração doce e humano,
Pra alegrar as festas lá no céu.
Sou pai de um xará,
Nascido na terra das araucárias
E por razões quase várias
Ainda pequerruchinho se acomodou
No doce colo de sua mamã
E voou nas asas da saudosa Varig
Para terras mais a sul;
Depois se fez de andarilho
E pra não deixar dúvidas
Que é meu filho,
Pôs-se a caminho
Seguindo os passos do pai;
Mas de sul para norte
À procura de melhor sorte;
Pai sou de duas prendas
Cada qual a mais bonita
Embora sem dançarem a chimarrita
Não negam sua terra do bem-querer
E dela sentem saudades,
Pois, nela tiveram a dita de sentir,
O que deveras quer dizer
A palavra felicidade.
Isto aqui contado não é biografia,
É apenas minuta de vida
Num pedaço de papel
Que diz pouco ou quase nada,
Do que me vai nos abscônditos da alma.
Os tempos e os contratempos
Por tão demasiado extensos
Deixo de os enumerar;
Mas posso vos assegurar
Que são muitos e deveras interessantes.
Nem tudo foi mar de rosas
Que enfeitaram meus longos caminhos
Que foram muitos e tortuosos, até,
Mas a meta era ir em frente
E em Deus pus minha esperança e fé,
Não me posso queixar da sorte.
Tive a companheira da minha vida
E meus filhos e netos para dar e receber
Amor, tanto amor, não foi em vão,
Amei e fui amado, pela esposa mais fiel e amiga
E pelos meus filhos e netos,
E outros que guardo no meu coração.
E. de A. Farias