Aos filhos de meus irmãos

Aos filhos de meus irmãos

Venho, queridos sobrinhos,

retribuir algo que amo

mais que meu peito humano:

vocês todos em meu caminho.

Por muitos lugares estive

mas não hei de me esquecer

de todos os irmãos que tive

e que vi (ou me viram) crescer.

Não sei se terei filhos,

porque o medo de ser mau pai

tira este sonho dos trilhos

em que minha idade já vai.

Aos irmãos sempre por perto

peço ainda mais união

e aos que vivem longe e incertos

entrego meu coração,

cuja tenda estende os braços,

para a todos acolher

com festa, fartura e abraços

e o que mais eu puder conceder.

Em memória de nossos pais

eu me dedico por inteiro

como humilde candeeiro

nas ruas em que estais.

Que eu seja presença amiga

ou ausência silenciosa

mas nunca maliciosa

serpente que cause intriga.

Que o meu trabalho permita

dividir convosco o alimento

e ter a paz e o sustento

que acalma minh'alma aflita,

pois que não sei do futuro

colher o que não plantei,

mas onde houver fome eu hei

de ser fruto sadio e maduro.

Vossas mãos em minhas mãos,

vossos filhos a brincar comigo,

coisas simples desejo, e não

remoer tempo muito antigo.

Se algo aprendi na vida

é que devo honrar ao Deus

de amor que cura a ferida

da ausência de irmão meu.

Que o Espírito Santo derrame

em vossos olhos verdade

e conceda liberdade

a cada um que eu ame.

Em nome do Pai eu vos peço

somente por oração,

para renovar o meu terço

com boa energia e ação.

Até logo, meus sobrinhos,

fiquem bem, meus bons irmãos,

e que dure o meu caminho

nas graças da evolução.

Tenhamos todos um ótimo dia.

Amém.