VENTO NO OITÃO
O vento no oitão
Me traz tanta saudade
Lembro daquele tempo
De minha pouca idade:
A fumaça do fogão
Subindo ao céu
Roupas no varal imenso
Abanando ao léu.
É hora do café
Venham todos tomar!
Chamava vovó Tuca:
Senão vai esfriar!
Batia um "tuco tuco":
Era a mão de pilão
Descascando o arroz
Pra comer com feijão.
Não deixa esse menino
Andar sozinho no mato!
Lá tem mão pelada
Tem lobisomem, tem lagarto!
É o que dizia tia Zica
E a gente acreditava
Foi para o nosso bem
E não prejudicava.
É hora de buscar as vacas!
Avisava tio Derci
Dizia o tio Genes:
Manda esse guri!
Tio Nadir, cansado
Desprendia os cavalos
Pois trabalhara o dia
Quase sem intervalos.
E agora, aqui estou
Já com bastante idade
E o vento no oitão
Me traz tanta saudade.
Sopra então mais forte
Pra se fazer ouvir
Lembrando que é tarde
E é hora de dormir.