Lembrança
O Rio Pericumã se espreguiça vagarosamente pela baixada
De curva em curva em curva
Costuro o horizonte com meus olhos
O sol, com um leque de luz,
Abana as saudades que eu não tinha
-No homem dói até o não viver-
As frutas que eu não catei
Os peixes que eu não pesquei
O pai que eu não tive e amei sem saber
E que abracei forte em cada toco de ilusão sem braços
O pai agora tão perto e ainda distante
Que um abraço já não abarcaria tudo quanto perdemos
E o Rio Pericumã escorrega vagarosamente pela baixada
E nós ali
Faz um poema escrito em luz
Fotografia que nunca tirei
Mas esta sim,
Sempre será minha