Lembrança

O Rio Pericumã se espreguiça vagarosamente pela baixada

De curva em curva em curva

Costuro o horizonte com meus olhos

O sol, com um leque de luz,

Abana as saudades que eu não tinha

-No homem dói até o não viver-

As frutas que eu não catei

Os peixes que eu não pesquei

O pai que eu não tive e amei sem saber

E que abracei forte em cada toco de ilusão sem braços

O pai agora tão perto e ainda distante

Que um abraço já não abarcaria tudo quanto perdemos

E o Rio Pericumã escorrega vagarosamente pela baixada

E nós ali

Faz um poema escrito em luz

Fotografia que nunca tirei

Mas esta sim,

Sempre será minha

David Ariru
Enviado por David Ariru em 02/02/2023
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