BIA
Olhos grandes, amendoados,
castanhos, qual meu pai.
Olhos tristes, solitários,
como se estivessem mirando
lá na costa do Uruguai.
Quem sabe em sonho,
voando sobre as coxilhas,
retornasse à querência
do pai ibérico, da mãe India,
da Pampa em flor e flexilha.
Quisera entender teu pranto,
tua mão fechada em desespero,
a vontade de falar embargada
pela doença que deixa a vida
uma sopa pálida, sem tempero.
Seguro tua mão com carinho,
acaricio teus cabelos brancos,
relembro a tia alegre, festeira,
dedicada, sempre carinhosa,
de olhar e sorriso francos.
Para ti dedico este canto,
com lágrimas e sorrisos,
com ecos do passado,
gritos do presente
sem futuro, sem risos.
2007