Ruinaria
Seu espaço na casa cada vez mais vai diminuindo.
Sua moral ao mesmo ritmo, a passos rápidos se esvaindo.
O respeito dos filhos é algo que há muito tempo não tem.
Seu cônjuge, nem se fala, o menospreza, olhando-o com imenso desdém.
Na verdade, sua voz ativa tem tanta importância quanto os latidos do cachorro no quintal.
Os laços familiares estão destroçados naquela casa, e tudo vai acontecendo como se fosse normal.
Suas coisas aos poucos vão sendo jogadas fora.
Divagando, percebe que tal situação não é de agora.
Aproveitar os dias que está sozinho, lhe dá a sensação de algum conforto; mesmo que em alguns momentos, sente-se como se estivesse morto.
Falta de pulso firme, atitudes equivocadas, momentos ausentes...
Seriam essas as respostas para tudo estar tão caótico e diferente?
Sendo o chefe da família, acaba sendo o mais julgado; às vezes até, injustamente, o único errado.
Porém, naquela casa, ele não pode ser exclusivamente o culpado.
A esposa cada vez mais autoritária, o filho do meio não respeita ninguém, enquanto a filha mais velha e o caçula, vivem trancados em seus 'mundinhos'.
Realidade triste, onde todos vivem juntos, mas, na verdade, estão sozinhos.
Pensou sobre tudo, e só visualiza duas opções: largar tudo e recomeçar em outro lugar, ou tentar reverter a situação que permitiu chegar.
Qualquer escolha não será fácil, e parece que tentará reconstruir o próprio lar.
Com os olhos marejados e o olhar cabisbaixo, se entristece por estar nessa situação; pois, será muito tortuoso o caminho para essa reconstrução.