CORDÕES UMBILICAIS - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros
CORDÕES UMBILICAIS - Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros.
AH... que saudade dos filhos que já tivemos,
que nos tratavam como heróis... que nunca fomos...
e admiravam muito mais do que nós somos
e que cresceram muito mais do que crescemos.
Infelizmente, seus padrastos paralelos
são as TVs, os celulares e os heróis
que eles adotam e lhes dão, ao tom da voz,
a estridência dolorosa dos martelos.
Cultuam quem sequer conhece sua história...
ou o sacrifício de criá-los, defendê-los,
são como linhas que se soltam dos novelos,
restando, apenas, fragmentos de memória.
Infelizmente, os alzaimeres da vida,
que nós teremos, eles têm... precocemente,
porque se esquecem de que um pai... ou mãe...carente
sempre cuidou da sua mais simples ferida.
Como são tolos.... tão ingênuos e sem memória,
e nós, sequer, não somos nem alegoria
de um enredo, cuja parte da história
ficou restrita a uma página... vazia.
Ah, que saudade dos passinhos que eles davam,
sempre apoiados no afeto das nossas mãos...
com novos rumos, tornaram-se cidadãos,
Como gostavam de sorrir!... como brincavam!
Hoje são donos tolos de fúteis verdades,
não admitem conselhos nem mesmo afetos,
têm seus joguinhos e brinquedos prediletos,
cultuam frageis sensações de liberdades.
E nós... eternos e ferrenhos defensores
desses heróis que sempre crescem e... se afastam,
jamais notamos que eles acham que se bastam,
com suas teses sapientes de... vãos doutores.
Ah... que saudade ! Como é bom silenciar
e ressonhar... achando que esses menininhos
e menininhas fariam dos seus carinhos
mais infantis, um jeito de nos alegrar.
Enfim, os pais e mães são tão sentimentais,
ficam felizes, pois orgulham- se dos filhos,
vivem polindo as superfícies dos seus trilhos
guardam, no peito, seus jeitos especiais.
Esse novelo sublime de filhos e pais
sempre desfia-se... de forma natural,
mas o Bom Deus que amaina cada vendaval,
nunca desfaz nossos cordões... umbilicais.
As 9he 45min do dia 16 de março de 2022 de Cabo Frio, Rio de Janeiro, Brasil. Registrado e Publicado no Recanto das Letras.