Laços que queimam
Da minha essência, o teu sofrimento
Dos meus passos, o teu desgosto
Da minha melodia, teu choro
Dos meus sonhos, teu desespero
Das tuas marcas, traumas, pecados, caminhos assolados
Te roubaram um mundo de céu azul,
te trouxeram neblinas e fumaças cinzas
Do alto do prédio vejo faíscas,
teu peito em chamas invadiu toda a cidade
De tanto te roubarem a vida,
você queimou até o que não era parte
Parte de ti,
parte de teu sofrimento
A cruz que te amou,
te aprisiona em um canto bonito
Te vejo morrendo e jurando que é preciso
Se abraça ao passado como um sonho lindo,
Quando na vero foi pesadelo infindo.
Tuas filhas crescem,
tu deixa teus traumas como herança
Que culpa tem esta criança?
Grita, chora, expõe tua dor,
Mas não a derrame em quem não foi o criador
Criador de que? Criador de quem?!
Pergunta tuas filhas,
estas que tu trata com desdém
Da boca dos outros, grandes verdades,
Destas, mera imaturidade.
Do teu suor correm lâminas,
Tua boca resseca e não saem palavras bonitas
Pra tua filha que hoje sofre de ti
O que teus pais abandonaram a sorte
Resta a esperança de que a felicidade não seja questão de sorte.