SALOMÃO E AS DUAS MÃES: julgamento do filho trocado
1) Crime complicado e “juiz” iluminado
Certo dia, foi levado
aos olhos de Salomão
um crime sem solução
de um menino assassinado.
Duas mulheres ao lado:
cada uma lhe dizia
que o filho lhe pertencia
e a outra era a criminosa.
Vendo a cena dolorosa,
o Rei “pegou quem mentia”.
2) Meio a meio: para que serviu
Puxou a espada e falou*:
“Vou partir o filho ao meio;
e pra ‘cada mãe’ que veio,
vou dar o que lhe tocou”.
Uma das mães implorou
que o anjo ficasse intacto.
A outra “gostou do pacto”:
quis a metade cortada;
o Rei julgou-a culpada
pelo crime e seu impacto.
* Salomão falou isso em outras palavras no julgamento das duas mulheres: uma — que era a mãe legítima da criança, não aceitou cortar o filho vivo; a outra, falsa mãe, que o queria tomar, concordou com a proposta ensaiada pelo Rei para saber a verdade.
3) Ponto central da questão
Quando uma das mães pediu
que o filho ficasse inteiro,
o Rei achou verdadeiro
o que essa mulher sentiu.
Uma saída — ele viu
“no pinto que sai da gema”*,
pois aquela escolha extrema
só podia vir de quem
tem um filho e quer-lhe bem,
acima de estratagema**.
*Essa comparação está relacionada com a autenticidade da criança morta gerada pela mãe.
**Refere-se à astúcia da mãe impostora.