Carvalho, madeira de lei
E assim, um a um se foram
Batendo asas, como aves de arribação
Procurando um novo abril
E a velha árvore ficou
Com seus galhos toscos e foscos
E ali no meio encilhado
Um ninho em forma de coração
Que acalantou tantos choros,
Enxugou tantos prantos;
Também ouviu muitos cantos,
Canções de ninar, encantos
E muitas vezes tentou ser a voz da verdade,
Quase nunca ouvida,
O concílio para unir a vida
Um nó em forma de amor
E quando o frio do inverno chegava
Seus galhos transformavam-se em mantos e aquecia-os
E hoje já velho, o frondoso que fora, se foi
E ninguém mais enxerga, nem nota o velho carvalho
Quem sabe um dia, no futuro, ao construir novos ninhos
Os que se foram se transformem em carvalho também!