Meu Ciúme

Pequenina criança,

Nasceu meu irmão,

Rebusco meu espaço.

Vou buscando meu abraço,

Reclamo da minha orla em pedaço.

Revejo meu recanto partido ao meio;

Nascem alguns receios.

Volto a ser pequenina,

reivindico atenções redobradas.

Choro como bebê,

Retorno à mamadeira,

Exijo o colo sempre ocupado.

Refaço meus planos para os brinquedos.

Sei que terei de dividir o amor

e penso: será um calvário de dor!

Ao mesmo tempo sou feliz,

Afinal, tenho um irmão,

Um anjo que veio do céu,

Que ainda só fica no sono.

Conto com esse dado infantil

Para permanecer no trono.

Às vezes sou repreendida,

Sei que isso faz parte da vida,

Tento compreender meus gestos,

Mudo o assunto para disfarçar,

Refaço o mal-feito,

Tento convencer de outro jeito,

Não quero demonstrar despeito.

Nesse tema, sou mesmo iniciante,

Tenho que aprender a dividir,

Coisas que ainda não aprendi

Mas, o preço às vezes é caro,

Essa divisão causa-me revolta,

Às vezes choro, às vezes brigo,

Mas tudo passa como um raio,

Até a minha individualidade,

Que se apagará na mocidade.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 30/10/2007
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