Filho
Filho,
Em você, eu sou.
Chegou atrasado, em dezembro, depois do Natal.
Aquele presente que todos esperam.
O choro, a voz, o cheiro.
Tão do mundo, tão meu.
Filho,
Em você, eu sou.
Chegará uma hora
Onde a vida vai ser dura
As cantigas se tornarão boletos
As sonecas serão lembranças distantes.
Virão amores, virão dores.
Apenas virão.
Mas, se em algum momento,
Você olhar para trás
E não encontrar aquela mulher
A quem chama de “mãe”,
Olha no espelho:
Os olhos puxados, o nariz enorme.
As mãos finas.
Tao você, tão eu.
Filho, em você eu sou.
(Para Ben, 2020)