Doce tempo
Edson Gonçalves Ferreira
Minha mãe tinha cabelos brancos
E a face docemente sulcada pelas marcas do tempo
Bendito seja Deus que me permitiu vê-las
E, durante anos, beber
A fala mansa, forte, clara e honesta dela
Mais de setenta anos e uma alegria de viver invejável
Assim vou também envelhecendo
Juventude na velhice, palavra tão depreciada
Idoso é pomposo, ser velho é ser nobre
Ter história e não escondê-la
Somos como árvores
Depois das flores e dos frutos, ainda a resta a sombra
Onde tranqüilos, repousamos
Ó Senhora minha mãe! - minha doce sombra
Morrer é voltar ao útrero
Somos sempre meninos e meninas
Quando o coração ainda sente.
do livro "Retratos em pérolas"