O bigode
Lembro do meu pai nos sábados fazendo a barba com calma.
Espelho pequeno, aparelho antigo...
E no final pegava uma tesoura que ele afiava as vezes na pedra...
E começava a aparar o seu bigode, um ritual fio por fio!
Fico imaginando o tempo que levou para ganhar aquela precisão...
Imagino o moço novo ostentando pela primeira vez o bigode negro...
A galhofa dos irmãos mais velhos...
Crescemos, nós seus filhos com a imagem do respeito e hombridade do homem do bigode!
Então passou o tempo e veio a doença.
Em uma das tantas idas ao hospital, cheguei fui para sala de espera.
Ele fazia mais uma cirugia, foram muitas...
Vem uma enfermeira empurrando a cama maca.
Vi primeiro a cabeça branca, o olhar ainda grogue de reconhecimento.
Mas falta algo, o choque foi grande, um dos momentos mais tristes!
Meu pai sem o bigode.
Judiaria do destino!