Ex-mãe
A criança foi sonhada por ela,
Enquanto, outros sonhos passavam por mim:
Desejos a saciar e lugares a explorar;
Sucesso profissional a ter...
... mulheres a amar;
Mas, não um bebê!
Em uma quarta-feira, chegaste.
Senti medo, quando te vi.
Pois, meu coração, tu renovaste:
Eras a última tentativa de nos unir.
Como a Jesus Menino, te visitaram.
Minha família te abraçou.
De um a um eles me falaram:
— Essa menina a ti puxou.
Meses passaram e eu me vi
Acompanhando teus primeiros passos;
As primeiras risadas e choros sem fim;
As primeiras papinhas, fui eu que te dei.
Além de todo o amor, que restava em mim.
Até que, um dia, eu decidi
Partir pra não mais voltar
O amor que me unira à tua mãe, não estava mais ali.
Entre agressões, ruiu nosso lar.
Refugiada em nossa cidade natal,
Me concentrei em meu labor.
A palavra mainha, que não chegaste a falar
Fui ressignificando, em meu interior.
Naquela época, em outro lugar.
Tu cresceste, longe de mim.
Mas, o tempo, cobrador algoz
Te fez retornar, anos depois
Eras uma mocinha e tinhas um irmão,
Assim como tu, fruto de adoção.
Aproximou-te, proferindo palavras que eu não compreendi:
— Oi tia... — pronunciaste. E minha mente não captou.
Foi meu coração que respondeu,
Fazendo-me cair em uma armadilha.
Tu reafirmaste: “Oi tia, tudo bem?”
— Oi filha...
Do E-BOOK "Quando as rosas se amam", lançado em 2020.
Está disponível gratuitamente neste BLOG.