O Crescimento

O CRESCIMENTO

(Hélio da Rosa Machado)

Sou o Lucas,

Quem não sabe, me apresento!

Chego quieto e com atenção,

Aos poucos viro um furacão.

Não me perca de vista,

Estou fazendo uma revista,

Olho para os lados e vejo uma pista,

Alguém deixou algo no chão

Vou logo fazendo um mutirão,

Jogo no lixo ou dou um rasgão.

Não conheço o valor da coisa,

Isso me deixa à vontade,

Entro em qualquer aposento.

Atravesso a casa inteira,

Abro até a geladeira.

Cresci feliz no berço,

Cresci mais que um terço,

Andei mais que o vento,

Fiz mais o que pude,

Aprendi mais do que vi,

Digo mais que sei,

Danço mais do que canto,

Corro mais que as pernas,

Caio menos que devo,

Surpreendo mais quando faço;

Assim vou crescendo.

Assim vou aprendendo.

Meus pais me cuidam,

Driblo o seu zelo,

Desapareço feito um pesadelo.

Sou surpreendido noutr’a arte,

Sou artista de primeira,

“Pinto o sete” nas paredes,

Derrubo o que for possível,

Desmonto o que não conheço,

Reviro aquilo que estiver parado,

Dou movimento às coisas,

Vivo acelerado,

Uso o freio da parede,

Pulo no sofá por todo lado,

Detesto ficar sentado,

Enfim, as coisas andam ao meu lado.

De repente tudo cessa por um instante

Preciso ver e pensar no que existe.

Olho o televisor; vejo algo que me atrai,

Olho o mundo; vejo muita gente diferente,

Olho ao redor; vejo pessoas atenciosas,

Olho a rua; vejo gente passando,

Olho a noite, vejo coisas desaparecendo,

Olho o verde; vejo bichos se mordendo,

Olho o horizonte; vejo nuvens desenhadas,

Assim, chego a dar um suspiro de alívio:

São os meus olhos que mostram;

São coisas que preciso aprender.

Meu corpo age por impulso,

Cresço ao lado de minha inteligência,

Percebo que a vida não é simples,

Existem coisas a serem desvendadas,

Levo-me pelo processo empírico,

Aprendo com o que vejo,

Presto atenção no possível,

Não esqueço do que já vi,

Demonstro o que aprendi; repito tudo,

Faço gestos e falo que já penso,

Insisto no que desejo,

Desisto daquilo que não interessa.

Choro quando me desagrada,

Rio quando me encanta,

Brigo com o que me desaponta,

Não durmo na hora marcada,

Vejo a noite como uma aliada

Afasto o sono como inimigo,

Aproveito tudo o que posso,

Enquanto cresço como menino.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 10/10/2007
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